Institucional

01.12.2023
Primeiro domingo do Advento, ano B
Oração: “Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos”.
Primeira leitura: Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7
Ah! Se rompesses os céus e descesses!
Esta linda oração, que se dirige a Deus chamando-o de Pai, brotou do coração da comunidade de judeus, exilados na Babilônia há mais de 50 anos. As promessas de um retorno à Terra Prometida, feitas pelos profetas Ezequiel e um discípulo do profeta Isaías (Is 40–55) pareciam demorar demais para se cumprirem. Por isso, a oração expressa certa impaciência e, ao mesmo tempo, confiança filial, porque se dirige a Deus como “nosso Pai’. A oração é um misto de lamentação penitencial e de súplica ardente. É um pedido a Deus para que apresse sua intervenção libertadora, prometida pelos profetas: “Ah! se rompesses os céus e descesses!” Era verdade que Ezequiel contava uma visão que teve na Babilônia. Dizia que Deus seria novamente adorado no templo de Jerusalém e, como um pastor cuida de suas ovelhas, ele mesmo tomaria conta do seu povo disperso no exílio (Ez 34). E um discípulo do profeta Isaías dizia que, ainda que uma mãe pudesse esquecer seu filho, Deus jamais haveria de esquecer seu povo (Is 40,14-15). Mas na leitura de hoje, extraída dos capítulos 63 e 64 de Isaías, o profeta pede em sua oração que Deus rompa o silêncio e comece a cumprir as promessas: “Tu és nosso oleiro e nós todos somos obra de tuas mãos”. É um veemente apelo, um pedido cheio de fé e esperança em Deus que cria e renova a história de seu povo. A figura do oleiro lembra Deus como oleiro, capaz de refazer um vaso que se estragou (Jr 18,1-10), que do barro formou o ser humano frágil e limitado (Gn 2,7) e com dedos de artista modelou o sol, a lua e as estrelas (Sl 8,4). É um apelo do povo pecador a Deus que cria um novo céu e uma nova terra (Is 66,22). E Deus nos responde pelo seu Filho Jesus Cristo: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). O clamor do povo pede que Deus “volte atrás”, “arrependa-se” do mal causado ao seu povo. Por outro lado, o povo está consciente que deve arrepender-se de seus maus caminhos e voltar a ser fiel ao seu Deus, praticando com alegria a justiça.
Salmo responsorial: Sl 79
Iluminai a vossa face sobre nós,
convertei-nos para que sejamos salvos.
Segunda leitura: 1Cor 1,3-9
Esperamos a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paulo, ao escrever à comunidade dos coríntios, alegra-se com a graça que Deus lhes concedeu pela sua pregação do Evangelho. Era uma pregação animada pela fé e esperança na vinda próxima do Senhor. Deus é fiel e salvará quem ele chamou a viver em comunhão com seu Filho, Jesus Cristo. Paulo reza para que eles perseverem firmes na fé, até a revelação plena de Jesus Cristo, por ocasião de sua segunda vinda.
Aclamação ao Evangelho
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade,
e a vossa salvação nos concedei!
Evangelho: Mc 13,33-37
Vigiai: não sabeis quando o dono da casa vem.
Domingo passado, com a Solenidade de Cristo Rei do Universo, encerrou-se o ciclo A do Ano Litúrgico. Com o 1º Domingo de Advento entramos no ciclo B do Ano Litúrgico. No ano B as leituras do Evangelho serão, em geral, tiradas do Evangelho de Marcos. Como Mateus, também Marcos conclui as narrativas da atividade de Jesus com o discurso escatológico (cf. Mt 24–25; Mc 13,1-37). Hoje ouvimos a parábola sobre a vigilância diante da incerteza da vinda do Filho do Homem encerra o discurso escatológico de Jesus em Mc 13,33-37. Jesus estava com seus discípulos no alto do Monte das Oliveiras e um deles disse: “Mestre, olha que pedras e que construções!” E Jesus comentou: “Vês estas grandes construções? Não ficará aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído”. Outros discípulos lhe pediram: “Dize-nos, quando será isso e qual é o sinal de que tudo isso vai acabar?” Na resposta de Jesus misturam-se o tema da destruição do Templo e o do fim do mundo. Mas sobre o quando do fim do mundo Jesus diz: “Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32). Hoje ouvimos apenas a conclusão do discurso escatológico (Mc 13,33-37). Uma vez que ninguém sabe quando acontecerá o fim do mundo, Jesus ensina com uma pequena parábola o que devemos fazer enquanto o Senhor não vem. Na parábola o patrão se ausenta por tempo indeterminado. Por isso escolhe o vigia para vigiar a porta e distribuir tarefas para cada um dos empregados. Durante sua ausência (parábola dos talentos e a parábola das dez virgens), eles devem cumprir as tarefas que lhes foram confiadas pelo patrão, e ficar atentos porque não sabem quando o patrão voltará. O que não pode acontecer é o patrão os encontrar dormindo. O que Jesus disse aos seus discípulos, Marcos lembra que vale o mesmo para o seu tempo, para todos os tempos: “O que vos digo, digo a todos: Vigiai”!
O tempo da ausência do patrão é o tempo entre a primeira vinda de Cristo (Natal) e a segunda vinda, no fim dos tempos, como juiz dos vivos e dos mortos. É o que lembramos na profissão de fé: “Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai (…), donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. Vigilantes, esperamos com alegria a primeira vinda do Salvador (1ª leitura), mas também sua segunda vinda como juiz (2ª leitura). – Na celebração da Eucaristia, ao final da consagração, o sacerdote diz: “Eis o mistério da fé!” E os fiéis respondem: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”! – Esta é a nossa fé.
Frei Ludovico Garmus, OFM