Institucional

04.05.2018
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos
6º Domingo da Páscoa, ano B
Oração: “Deus todo-poderoso, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra do Cristo Ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos”.
Primeira leitura: At 10,25-26.34-35.44-48
O dom do Espírito Santo
também foi derramado sobre os pagãos.
Lucas, nos Atos dos Apóstolos, narra o percurso da pregação do Evangelho, depois de Pentecostes. Primeiro, aos judeus (At 2). Em seguida, o diácono Estêvão começa a pregá-lo aos judeus de língua grega, que o apedrejam na presença de Paulo (At 6–7). Depois, o diácono Filipe prega aos samaritanos, separados do judaísmo oficial, e ao camareiro etíope, um pagão simpatizante do judaísmo (At 8). No domingo passado, Lucas nos falava de Paulo, que havia apoiado o apedrejamento de Santo Estêvão, mas que agora era um convertido à fé cristã. E, depois que Barnabé o tinha apresentado aos apóstolos, este mesmo Paulo começou a pregar em Jerusalém aos judeus de língua grega (At 9).
Na texto de hoje, Lucas quer mostrar que a iniciativa de Paulo de pregar o Evangelho aos judeus de língua grega e aos pagãos teve o apoio dos apóstolos e do próprio Pedro, chefe dos apóstolos. Levado pelo Espírito Santo, Pedro começou a pregar fé em Cristo Ressuscitado aos pagãos. Quando é acolhido pelo comandante romano Cornélio, conta-lhe a visão que teve em Jope; E Cornélio, por sua vez, explica que o havia chamado para conhecer melhor a Jesus Cristo. Pedro, então, reconhece que “Deus não faz distinção de pessoas”, mas acolhe a todos os que o temem e praticam a justiça, independentemente da nação de proveniência.
Enquanto Pedro falava, o Espírito Santo desceu sobre todos os ouvintes, assim como havia acontecido no Cenáculo no dia de Pentecostes. Ao ver o fenômeno, os judeu-cristãos que o acompanhavam ficaram perplexos e Pedro mandou que toda a família de Cornélio fosse batizada em nome de Jesus Cristo. Não havia como os membros dessa família não serem batizados, pois o próprio Espírito Santo já havia sido derramado sobre eles.
Mas, o espanto dos acompanhantes de Pedro foi motivo de crítica à iniciativa de Pedro, em Jerusalém, e ele teve que se explicar aos judeu-cristãos de lá (cf. At 10–11).
Lucas dá amplo espaço a essa narrativa, pela importância que o evento teve na abertura de uma nova fase na difusão do cristianismo. Com essa abertura ao mundo grego, aos poucos vai se concretizando o plano traçado por Jesus Ressuscitado, antes de sua Ascensão ao céu: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, até os confins da terra” (At 1,8).
Uma Igreja em saída é a novidade que o Espírito Santo nos propõe hoje pela boca do Papa Francisco.
Salmo responsorial: Sal 97
O Senhor fez conhecer a salvação
e revelou sua justiça às nações.
Segunda leitura: 1Jo 4,7-10
Deus é amor.
A primeira Carta de João, desde o início, é perpassada pelo tema do amor. Também o trecho de hoje é marcado pelo mesmo tema. Em apenas quatro versículos, as palavras “amar” ou “amor” aparecem dez vezes. O próprio Apóstolo João dirige-se aos irmãos de fé com palavras carinhosas, como “filhinhos”, “caríssimos” – isto é, muito amados. A comunhão de amor entre os cristãos expressa a comunhão de amor entre o Pai e seu Filho Jesus Cristo. Somente quando vivemos o amor fraterno entre nós, é que podemos dizer que conhecemos a Deus e dele nascemos. Assim, nos tornamos seus filhos, “pois Deus é amor”. Não fomos nós que tomamos a iniciativa deste diálogo de amor. Foi Deus, a fonte do Amor, quem nos amou por primeiro, “enviando seu Filho único ao mundo para que tivéssemos a vida por meio dele”. Para recebermos esta vida, o Filho único de Deus entregou a sua por nós, morrendo “pelos nossos pecados”.
Aclamação ao Evangelho
Quem me ama realmente guardará minha palavra,
e meu Pai o amará, e a ele nós viremos.
Evangelho: Jo 15,9-17
Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida pelos amigos.
O texto do Evangelho de hoje é uma explicitação da alegoria da videira e seus ramos, meditada no domingo passado, quando Jesus dizia: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”; somente assim podereis produzir os frutos que Deus espera de vós. Hoje, nos é explicado o que significa este “permanecer” em Cristo e produzir fruto. É a nossa ligação contínua a Cristo e ao Pai pelo amor: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor”. Este amor que recebemos do Pai por meio de Jesus Cristo, simbolizado pela relação agricultor-videira-ramos, não é uma conquista nossa, mas uma livre escolha e um dom de Deus, que nos amou primeiro: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi…, para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça”.
Jesus está se despedindo dos discípulos, após a última ceia; por isso podemos pedir o que quisermos e nos será concedido. Ele, porém, nos deixa o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Esta é a condição para sermos atendidos em nossas orações.
Frei Ludovico Garmus, OFM.?