Institucional

2º Domingo do Tempo Comum, ano C

18.01.2019
Liturgia

2º Domingo do Tempo Comum, ano C

 Oração: “Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”.


1. Primeira leitura: Is 62,1-5
A noiva é a alegria do noivo.

Este texto de hoje pertence à 3ª parte do livro do Profeta Isaías. O povo que estava no exílio (Is 40–55) havia retornado à sua terra, onde encontrou uma realidade dura e desanimadora. O profeta anônimo, em Is 56–66, procura reanimar-lhe a fé e a esperança em Deus, que nunca abandona seu povo. Os exilados esperavam encontrar uma terra disponível, fácil de ser reconquistada. Mas as terras dos antigos proprietários estavam ocupadas pela população mais pobre que permanecera no país dominado pelos babilônios. Em consequência, surgiram muitos conflitos de ordem social, econômica e religiosa. Jerusalém, símbolo da união do povo, precisava ser reconstruída e seu culto, restaurado. Era urgente reunificar o povo. Para tanto, o profeta lança os alicerces da restauração. Reanima a fé no único Deus, a esperança na sua salvação e no seu amor fiel – “Por amor de Sião não me calarei... não descansarei, enquanto não surgir nela... a justiça e... a salvação”.
A salvação passa pela prática da justiça na sociedade humana. Deus é justo enquanto salva o pecador arrependido e pune quem não pratica a justiça. Isaías condenava as injustiças praticadas contra os pobres, especialmente, o órfão e a viúva (1,26-17). Sonhava com uma Jerusalém restaurada, que seria chamada “cidade da justiça, cidade fiel” (1,26-28). O profeta anônimo de nosso texto recorre à imagem de Deus como esposo de Israel (Jerusalém e seu povo), muito utilizada pelos profetas (cf. Os 2; Jr 2,2; Ez 16). De fato, os que ficaram na terra queixavam-se por Deus ter deixado Jerusalém abandonada, como viúva sem filhos (Lm 1,1). Os exilados, por sua vez, tinham sentimentos parecidos: “O Senhor me abandonou, meu Deus me esqueceu” (Is 49,14). O profeta anuncia que, agora, Deus vai retomar sua esposa Jerusalém junto com seus filhos: “Como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus”.
O vínculo principal que nos une a Deus e aos irmãos é o amor fiel, simbolizado pelo amor entre homem e mulher, e acompanhado pela prática da justiça.

Salmo responsorial: Sl 95
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
manifestai os seus prodígios entre os povos!


2. Segunda leitura: 1Cor 12,4-11
Estas coisas as realiza um e o mesmo Espírito,
que distribui a cada um conforme o seu querer.

Paulo escreve longamente aos cristãos recém-convertidos (1Cor 12–14), para explicar o valor e os limites destes dons do Espírito. Eles são uma decorrência do batismo de Jesus, superior ao de João Batista (cf. At 19,1-7). O Batista dizia que Jesus haveria de batizar “no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3,16). Aos que consideravam o próprio dom mais importante do que o dos outros, Paulo explica: a) Os diferentes dons/carismas provêm do mesmo Espírito; b) são manifestações do Espírito, que devem resultar em serviços (ministérios) e atividades, em vista do bem comum; c) o Espírito distribui os seus dons “a cada um, conforme quer”.
Poderíamos dizer que o Noivo Jesus (1ª leitura e Evangelho) nos concede os dons do Espírito, não como diademas para embelezamento pessoal, mas como um avental, para melhor lavar os pés dos irmãos (cf. Jo 13).

Aclamação ao Evangelho: 2Ts 2,14
O Senhor Deus nos chamou, por meio do Evangelho,
a fim de alcançarmos a glória de Cristo.


3. Evangelho: Jo 2,1-11
Jesus realizou este início dos sinais em Caná da Galileia.

O evangelista João, após o prólogo (1,1-18), fala do batismo de João Batista, do testemunho que ele dá sobre Jesus e da vocação dos primeiros discípulos de Jesus (1,19-51). O Batista apresenta Jesus a seus discípulos: “Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E acrescenta: ”Eu vi o Espírito Santo descer do céu em forma de pomba e permanecer sobre ele” (1,29.32). Mais tarde, sabendo que Jesus também batizava, João apresenta-o como o Cristo, o noivo que o povo de Deus esperava, e comenta: “Quem tem a noiva é o noivo. O amigo do noivo está presente e o ouve, muito se alegra com a voz do noivo. Pois é assim que minha alegria ficou completa” (3,29).
No evangelho de hoje, o “noivo”, anunciado por João Batista, entra em cena no contexto de uma festa de casamento. Entre os convidados da festa estavam “a Mãe de Jesus”, Jesus e seus discípulos. Jesus participa com Maria e os discípulos da alegria do jovem casal, que celebra sua união de vida e amor. Os jovens festejam a fundação de sua nova família. No contexto desta alegre festa, Jesus celebra também o início de sua nova família. Ele é o noivo que vem ao encontro de sua noiva, o povo de Israel (cf. 1ª leitura). Desta nova família já fazem parte sua Mãe e os discípulos que “creram nele” (2,11; cf. 1,35-51). Maria avisa a Jesus que o vinho estava acabando, o que poderia comprometer a festa. A festa não podia acabar. O banquete e a abundância de vinho caracterizam os tempos escatológicos da vinda do Messias (Is 25,6-8; Am 9,11-15). Jesus parece esquivar-se diante da observação de Maria sobre o vinho: “Ainda não chegou a minha hora”. A “hora” de Jesus é sua exaltação, pela morte na cruz e sua gloriosa ressurreição, tratada em Jo 13–20. Maria, porém, apressa esta “hora”, sugerindo o primeiro “sinal” de Jesus: “Fazei o que ele vos disser”. Os sinais/milagres são tratados em Jo 2–12 e preparam a “hora” de Jesus. As seis talhas que Jesus manda encher de água lembram os ritos de purificação dos judeus. Assim, a água transformada em vinho marca a superioridade de Jesus e de sua mensagem frente à Lei de Moisés. A presença do Messias caracteriza-se pela alegria de uma vida nova, como a do casal de noivos na festa de seu casamento. Jesus é o Messias, o Noivo que se une à sua noiva, Israel, doando-lhe o seu corpo e derramando seu sangue (vinho) na cruz, até a última gota (Jo 19,33-34).
É o que celebramos na Missa, após a Liturgia da Palavra. Na Eucaristia nos unimos a Jesus que deu sua vida por nós. Vamos pedir-lhe que nos conceda o dom de servi-lo (avental) em nossos irmãos.

Frei Ludovico Garmus, ofm

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